Descrição

Sobre lados masculinos

Diz a lenda que toda história tem 2 lados. Que tudo na vida, ou quase, tem uma segunda versão; fora as facas de 2 gumes, ying e yang, luz e sombra, etc, etc, etc...

Partindo desse princípio, pessoas também têm 2 lados e não, isso não é um post sobre bipolaridade. Sabe aquele lance de lado feminino e masculino? Que ambos coabitam em todos os indivíduos? Bem, isso é uma verdade! E nem é uma questão de confusão ou troca de gêneros. É mais aquele pontinho de equilíbrio necessário pra compreender, ou pelo menos aceitar, o outro lado da coisa. Mas como isso não é nem de longe uma análise psicológica ou um artigo médico, esse ponto de vista já é suficiente pra que esse texto comece a fazer algum sentido.

Faz tempo que Pepeu canta que ser um homem feminino não fere o lado masculino de ninguém. A partir daí podemos concluir que, embora não admitam nem sob tortura, todos os masculinos têm o seu lado feminino. Aquele que chora (pois é, e como!), que também espera o telefone tocar (ao invés disso por que simplesmente não ligam, não é?!), e que gasta um tempo considerável na frente do espelho brigando com um fio de cabelo fora do lugar (e lá se vão quilos de gel fixação 200). Sendo assim, nós também temos um lado masculino. Ah, temos sim. E personalidade suficiente pra aceitar isso sem perder nenhum tracinho da postura de diva.

Não estamos falando daquele momento cansei de ser sexy em que você decide que vai ser um urso polar, queimar depiladores, matar esteticistas e manter aquela "barriguinha sem culpa”. Neste caso, o lado masculino é aquele que transforma uma romântica incorrigível no pedreiro Moacyr, especialista nas melhores gambiarras; que faz uma menininha de dedos finos e voz delicada voar por cima de três camas e derrubar duas divas maiores que ela só por causa de um livro de cartuns; e também é responsável por fazer uma futura mamãe encarnar um caminhoneiro “quebra-tudo” com apelido terminado em “ão”.

E cada um desses lados masculinos era assumidíssimo e muito bem resolvido, com nome e sobrenome! O que, convenhamos, é uma boa forma de encarar certas reações, porque jamais em sua vida de diva você seria capaz de socar o nariz de alguém com tanta classe ou fazer suco de laranja no processador e achar que é uma coisa normal... Aliás, triturar laranjas num processador manual num dia de gripe é algo que só o seu lado masculino consegue fazer...

- Nossa, você hoje ta tão chata quanto o Theo...

Theo fazia parte da amiga da saúde, um lado masculino muito chato e exigente... Também, o que esperar de um designer de ambientes? Um afetado e afeminado designer de ambientes... Mas ainda assim um lado masculino...

- Eu só disse que quero mexer no trabalho, não gostei dessa peça onde ela está; o que tem de errado nisso? Ela não pode ficar mais 2 dedos pra direita? E eu não posso, não devo e não quero tirar menos de 10 nesse seminário.

- Tudo bem, Theo. A gente entende...

Ouve-se um barulho.

- O que você ta fazendo?

- Tentando grudar o quadro na parede de novo, ué! - Era o lado pedreiro da RP falando mais alto...

- E pra colocar o quadro no lugar precisa quebrar a parede?

- Desculpem! É que to meio chateada hoje, meu All Star está soltando inteiro e não terminei nem de pagar, então...

- Então ela decidiu derrubar a casa...

- Ok, Caco. E vai dizer que você não apronta das suas?

Caco era baterista. Irônico e autêntico, tinha crises de agressividade e raiva comprimida, e aparecia toda vez que a PP andava tentando disfarçar alguma coisa... E tudo isso porque, a princípio, ela jurava que seu lado masculino era absolutamente gay e que se chamava Ney! Até o dia em que Caco surgiu, naquele episódio do livro de cartuns. A junção dos dois (Caconey) é o lado masculino que acompanha a comunicadora até hoje.

Com o tempo, outras amigas também foram descobrindo seus lados masculinos. E assim surgiram o Du, engenheiro sempre preocupado com os estudos e que sabia calcular e dividir igualmente o valor da pizza, o João do Caminhão, vulgo Janjão (aquele do começo do texto), que a essa altura já é mamãe oficialmente faz tempo, e o Manoel, o português da padaria que adora brigadeiro, e como bom lado masculino surge na hora exata pra abrir garrafas de vinho, e por aí vai...

E o que unia esses lados masculinos tão diferentes era o chamado “princípio do boteco”. Isso mesmo, o boteco. Aquele lugar onde você racha a conta, abraça um desconhecido sem problemas pra comemorar o gol (porque seu lado originalmente feminino não entende nada de futebol mesmo), e onde você precisa de toda a força dos braços pra tirar as tampinhas das garrafas e enfrentar a fila pra acertar a comanda. E pra lidar com essas coisas que uma diva não faz, a gente apela pro lado masculino. Afinal de contas, nós somos delicadas e cheias de classe sim, e não trocamos essa escolha por nada, que fique bem claro, mas como pessoas modernas e independentes que moram fora de casa, não dá pra ficar esperando o vizinho aparecer toda vez que a gente precisar trocar a lâmpada ou abrir a tampa do vidro de azeitona, não é?!

3 comentários

Anônimo disse...

adorei, amo todos os textos, sou suspeita, né? rsrsrsrs, mas esse está maravilhoso.
Também tenho um lado masculino, e às vezes bem intenso, pois em vez de abrir a tampa do vidro, este termina quebrado.
Beijos, meninas.
Estou esperando o próximo.

Anônimo disse...

adorei o texto...mandem sempre....e adoro a musica, petfeita p encerrar, hauahuah
bjoss
aline pedroso

A Comunicadora PP disse...

Querido Caco,
Apesar de toda uma era ignorando a sua existência, sem o seu aparecimento repentino eu jamais teria derrubado minhas duas amigas divas com mais de 1,70m e recuperado o livro de cartuns. Obrigada por estar presente em momentos tão difíceis como abrir a tampa do vidro de mel, enfrentar o ônibus lotado, carregar a mala de peso monstro pela rodoviária e abrir a lata de leite condensado com aquele abridor malvado que tentou quebrar a minha unha!
Beijinhos do seu lado feminino...

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